Volvidos 4 anos, voltámos à castiça praça de Montemor, para a mítica corrida da Barra de ouro. O cartel era composto por: António R. Telles, Luís Rouxinol e Filipe Gonçalves frente a um curro de toiros Palha.Pegaram os grupos de Santarém e Montemor. Desde já quero felicitar o grupo que “jogava” em casa, que nesta época comemoram os seus 80 anos, motivo pelo qual alguns dos antigos elementos decidiram organizar a corrida, que resultou muito positiva. O público correspondeu com ¾ de praça apesar do calor que se fazia sentir. Muitos antigos elementos de ambos os grupos nas bancadas e 3 antigos cabos a acompanhar o nosso grupo de perto nas trincheiras. A corrida prometia, desde os cavaleiros ao bonito curro de toiros Palha de excelente apresentação, mas onde o grande aliciante era sem duvida a competição entre o nosso Grupo e o de Montemor. O júri era composto pelos cabos dos grupos de Lisboa, Évora, Barrete Verde de Alcochete, Coruche, Alcochete, Aposento da Moita e Caldas da Rainha. Esta é uma daquelas corridas em que qualquer forcado quer pegar; onde a motivação vem por si só, naturalmente, e a ansiedade para que a corrida chegue seja diferente. Lembro-me de ter comentado com o António Grave, nessa tarde, a caminho da corrida, “-Que saudades destas corridas lá em baixo, quase que estávamos capazes!”. Obviamente que não, mas as amizades e marcas que o nosso grupo deixa em nós tem destas coisas… Falando das pegas em si, grande tarde para o nosso grupo frente a um curro que se revelou de grande seriedade para os dois grupos.. 1º toiro com 515 kgs: o nosso cabo chamou para ele a responsabilidade de abrir praça e, em boa hora o fez, acabando este por ser, a meu ver, o toiro mais reservado da tarde. Pouco claro nas investidas e que deu bastante trabalho ao cavaleiro António Telles. Depois de brindar ao púbico o João citou, sério e discreto, com todo o grupo cá atrás mas o touro tardou em investir tendo-o feito já em terrenos mais apertados onde o João se soube sacar muito bem, aguentando dois fortes derrotes, de cima para baixo, que acabaram por “fintar” o nosso Quintela, saindo o João da cara antes de chegar aos 2as. Grande tentativa, onde se percebeu que os Palhas não iam facilitar. Na 2ª tentativa e com o toiro um pouco mais para a direita, tudo igualmente bem feito, o que resultou numa grande pega onde o João mais uma vez aguenta dois fortes derrotes, desta feita o Quintela “corrige” o sitio e os 2as e 3as abafam o toiro. Depois do cavaleiro decidir não dar volta, ainda que autorizada, o nosso cabo, num gesto de grande solidariedade, humildade e acima de tudo grandeza agradece nos médios saindo de seguida para a trincheira aplaudido pelo público. 3º toiro com 530 kgs: foi chamado o Francisco Graciosa, forcado com cada vez mais créditos dados, com um poder físico impressionante, quase do tamanho da sua humildade e valentia, que faz com que cada pega pareça fácil. Após brinde ao Grupo de Montemor pelos seus 80 anos pegou, e muito bem, à 1ª tentativa. Soube aproveitar a pronta investida do toiro para reunir bem, com este a empurrar de cabeça alta até cá atrás, resultando numa boa pega. Bem todo o grupo a ajudar destacando a boa 1ª do Manel Lopo, que saiu cuspido depois de “ter dado o peito às balas”, e uma boa e oportuna 3ª do Emerson. Volta para forcado e cavaleiro. 5º toiro com 510 kgs: fechou-se em tábuas grande parte da lide. Depois de brindado ao nosso tio Nuno Megre (numa tarde de tamanha importância para a forcadagem, penso não ter havido melhor brinde!), foi dado a esse “pequeno grande” forcado que é o Lourenço Ribeiro. O Lourenço vinha de uma chata e complicada operação no ombro que não o deixou sequer treinar neste início de época, mas que em nada influenciou a sua performance. Pega perfeita do início ao fim. Citou alegre e carregou bem a investida quando quis, aguentando o primeiro derrote entrando o Zé Fialho no momento certo “com a peitaça” até cá atrás sem mais saírem, com todo o grupo a fechar. Volta a praça para forcado da cara e primeiro ajuda terminando assim a atuação do grupo de forma brilhante! O grupo de Montemor pegou todos os seus toiros, e bem, à primeira tentativa por intermédio de João da Câmara, Francisco Borges e Francisco Barreto, tendo este último saído lesionado com uma fratura num braço. Desde já aproveito para desejar rápidas melhoras. A barra ficou em casa e, a meu ver, bem entregue, sobretudo pela eficácia. Grande tarde de toiros e mais uma grande demonstração de que a afición está bem viva e recomenda-se. Acima de tudo uma tarde de hinos à arte de bem pegar toiros dos dois grupos mais antigos do nosso país! Grande início de época do nosso grupo, dá gosto acompanhar cá de fora e são atuações como estas que nos fazem sentir saudades! Seguem-se Salvaterra e Chamusca antes do tão aguardado regresso à nossa Celestino Graça para a “Feira do Ribatejo”! Grande abraço a todos, João Torres Vaz Freire |