Corrida em Salvaterra de Magos. 12 de Maio de 2019 O orgulho de ser desta família. O Zé Fialho, que saiu a cabo no domingo em Salvaterra devido ao nosso cabo João Grave estar fora do país por motivos profissionais, deu-me uma enorme alegria quando me convidou para estar na trincheira com a rapaziada. Embora não fosse a primeira vez, desta vez foi diferente. Corrida que prometia ser séria pelos toiros e pela responsabilidade de uma praça cheia de gente aficionada e pela homenagem à Sra. D. Maria Teresa Ramalho "Tareka", esposa e mãe de forcados do nosso grupo. A tarde estava encalorada e as voltinhas de aquecimento do cavalo do António Telles (forcado do nosso Grupo) já faziam levantar algum pó. O Grupo de Santarém, toiros sérios, praça cheia, calor e pó!!! Tínhamos tudo para ser felizes. E fomos! O Pedro Féria perguntava-me uns minutos antes de sair o nosso primeiro toiro se eu ainda me sentia capaz de vestir uma farda num dia destes, em que o nó na barriga nos dobra e o peso da nossa jaqueta nos faz sentir pequeninos. Respondi-lhe que tinha saudades de sentir isto. O medo, o sentido da responsabilidade, a vontade de ver o primeiro toiro a sair para soltar a adrenalina, a rapaziada concentrada... Estavam na trincheira comigo desfardados três grandes referências do nosso grupo: o Pedro Graciosa, o António Dias de Almeida e o Pedro Féria e na bancada umas dezenas de outras referências do GFAS e mais umas centenas de amigos nossos e do nosso Grupo. Lembro-me bem o bom que era quando isto acontecia na altura em que me fardava. Ver a dimensão do nosso Grupo e de como estavam todos ali por nós. De como iam para a corrida e saíam da praça orgulhosos por serem desta família e por terem um dia vestido esta jaqueta ou terem algum amigo lá. No Domingo foi assim!!! Tenho a certeza que falo por todos. Para primeiro toiro da corrida, um Palha com 530 kg, o Zé Fialho mandou o Francisco Paulos "Chupa Cabras" que brindou a pega a família do Sr. João Ramalho. O Francisco não entendeu o toiro na primeira tentativa quando este começou a andar a passo direito ao forcado sem intenção de marrar. Não o carregou quando devia e quando meteu a cara foi para fazer mal. Na segunda o toiro fez o mesmo mas desta vez o Francisco bateu-lhe o pé, mandou-o vir com alma e meteu o toiro a andar. O toiro entrou pelo grupo e a rapaziada estava cá atrás à espera deles. Boa primeira ajuda do Emerson Kachiungo. Para o nosso segundo toiro, um Teixeira com 610kg, que já tinha colhido com gravidade o Francisco Palha, e que chegou ao fim da lide a cavalo com a boca fechada e cheio de "pata", foi escolhido o António Taurino. Todos nós percebemos que vinha ali um comboio e que era preciso estar bem com o toiro e também um grupo coeso cá atrás. "Este vem até às tábuas a 200". E veio! Um pegão à GFAS! O Taurino, que brindou ao enorme Alberto Xavier, mandou vir o Teixeira para o comer! Muito bem a recuar, a receber e a fechar-se no toiro que entra pelo grupo dentro com uma violência que partiu a clavícula do Pedro Dias Ferreira que estava a dar terceiras. ISTO é que é pegar e ajudar um toiro sério. Faz parecer fácil mas so esta ao alcance de alguns. Bem rapaziada! O nosso último toiro, um Fernandes Castro de 620kg, mostrou desde o início o que ia fazer. Reservado no cavalo e a dar porrada no capote, precisava de um bom par de braços para a cara dele e de um grupo a ajudar que não hesitasse. O Zé Fialho deu o toiro ao Kiko Graciosa. O toiro, que custou muito a arrancar, teve diante dele o que nunca esperou...ainda conseguiu tirar o Kiko na primeira tentativa mas ficou-se por aí. Depois de ter desmaiado e ficado um bocado "desnorteado", o Kiko voltou a por o barrete e foi lá bater o pé na cara dele! Toiro!!!! E quando lá pôs os braços foi para ficar. O Castro não queria mas ele ficou. Que pegão!!! Uma palavra para o Zé Fialho que, a dar segundas, é cuspido a receber o toiro e o forcado da cara e que ainda vai outra vez dar uma ajuda gigante ao Kiko que vinha a brigar com toiro já na viagem para o meio da praça. Duas voltas merecidas e que nos enchem de orgulho! Um corridão que foi exemplarmente dirigida pelo "nosso" Manuel Gama. Não posso deixar de mencionar o Francisco Palha "Margaça", filho e irmão de forcados do nosso grupo, pelo primeiro ferro que pôs no Teixeira e que com o ombro direito deslocado no final desse ferro ainda terminou a lide do toiro. Rapaziada, no Domingo fui para casa de peito feito, coração cheio e com um orgulho enorme desta família. Obrigado! Um beijinho enorme à tia Bindes que nunca falha bem como os caramelos que já fazem parte da pega. Um abraço ao tio Manuel António Lopo de Carvalho que nos recebe sempre de braços abertos. As melhoras do Pedro Dias Ferreira que estava lá, no sitio onde "elas mordem". Estavam todos!!! As melhoras do Kiko. No fim de fazeres a pega que fizeste, partir o nariz é uma boa medalha. Parabéns ao Lourenço Vinhas pelo toiro que levou ao concurso. Temos grupo para o que ainda aí vem este ano. Sorte! Pelo Grupo de Santarém venha vinho! Venha vinho! Venha vinho! |