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Crónica à corrida de Évora

No passado sábado, dia 30 de outubro, o “sol e as moscas” foram trocados por “chuva e castanhas”, mas esse facto não inibiu ter sido uma boa tarde de touros na Arena d’Évora.

Já bastante adiantada no calendário, a última corrida da época foi esperada com grande expectativa e simbolismo, não só fruto da época atípica que se viveu este ano, mas principalmente pela súbita morte do antigo cabo do Grupo de Forcados Amadores de Évora, João Pedro Oliveira, Grupo onde temos tantos amigos e com quem partilhamos tantas vezes arenas.

Para mim, o ambiente que se vive à volta dos “touros”, só é compreendido por quem cá passa e vive a festa, e por isso dizermos que é a nossa “família alargada”. Neste sábado viveu-se este tão característico ambiente com os empresários a envolverem - e muito bem - os mais novos, futuros atores desta festa tão nossa!

Infelizmente há quem não consiga compreender este espírito e tente aniquilar tão importante património, mas nós temos a obrigação de não o permitir e o público, mesmo debaixo de chuva, acudiu à praça estando a Arena d´Évora quase de “praça cheia”.

Como não podia deixar de ser, a corrida iniciou-se com um minuto de silêncio, recordando quem tanto fez por esta nossa festa: Carlos Empis, José Emílio Infante da Câmara e João Pedro Oliveira. Que impressionantes minutos e que bonita homenagem, acompanhado ao som do Toque de Silêncio, que fez arrepiar a praça.

Os touros, da ganadaria espanhola Couto de Fornilhos, tinham 5 anos, pesaram entre os 505 e os 585 kg e estavam muito bem apresentados, com bravura e força.

Os cavaleiros Luís Rouxinol, Miguel Moura e João Salgueiro da Costa, tiveram uma excelente tarde, tendo-se sobressaído mais Luís Rouxinol e Miguel Moura, que sofreu uma violenta queda no segundou touro, mas tendo feito duas sortes de gaiola que encheram o público de emoção e alegria.

A abrir a praça pegou o nosso cabo João Grave, num touro decidido que arrancou de largo com pata, tendo o João aguentado muito bem e o Zé Fialho deu, como já nos habituou, uma excelente primeira ajuda, tendo o Grupo ajudado bem.

Para o segundo da tarde com 505 kg, foi para a cara do touro o forcado Joaquim Grave que, à semelhança do João, estava “a jogar em casa”. Tendo estado muito bem com o touro, que veio de largo, fez uma excelente reunião e contou com uma boa ajuda do Manuel Lopo que caiu. O touro fugiu ao Grupo, mas o Joaquim aguentou-se até o Grupo recuperar e ter fechado muito bem.

Para encerrar a época, foi pegar o Francisco Graciosa, que a tinha aberto em Salvaterra. Este touro, com 545 kg, obrigou o Francisco a ir mais aos seus terrenos, mas quando arrancou, entrou pelo grupo adentro. O Francisco esteve muito bem, aguentando o derrote e o Damião Goes, que deu primeira ajuda, esteve bem, assim como o Grupo que ajudou, não deixando o touro chegar às tábuas.

O Grupo de Évora, teve o primeiro touro pegado pelo cabo, João Pedro (Guga), numa grande pega, depois pegou o Ricardo Sousa à terceira e o António Torres Alves à quinta tentativa. Dada a seriedade destes touros desta vez o Grupo da terra viu um pouco mais complicada a tarde, mas graças a Deus ninguém se aleijou.

Foi uma tarde de touros com muita complementaridade entre cavaleiros, bandarilheiros, forcados, ganadeiro, pessoal dos curros, empresários, músicos, público e muitas crianças felizes à mistura, ficando certamente marcada para todos os aficionados como o fechar com chave de ouro uma época que tanto deixou a desejar.

No final houve a atribuição do prémio para o melhor grupo em praça, prémio que o júri, constituído pela empresa promotora da corrida e os cabos dos dois Grupos em praça, atribuíram ao nosso Grupo e que o Grupo de Santarém decidiu ceder ao Grupo de Évora, em prol da amizade, respeito e fruto de tantos outros valores defendidos na arena, que vão para além da mera eficácia das pegas.

Foi assim na cidade que tem tanto significado para o nosso Grupo, ora não fosse a terra natal de tantos quantos passamos por cá, e foi muito bom poder receber-vos em minha casa e assim terem cá passado tantos amigos.

A festa continuou no restaurante do nosso querido amigo João Torres, num jantar que contou com a presença da madrinha, antigos elementos e suas mulheres, muitas namoradas e muitos jovens que acompanham o Grupo, e onde não faltaram os típicos discursos.

Obrigado a todos, e que venham mais tardes e noites como esta!

Pelo Grupo de Santarém venha vinho, venha vinho, venha vinho!

Filipe Cabral

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