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Figura Singular Ribatejana

João José de Moraes Sarmento da Costa Ramalho nasceu a 24 de Setembro de 1935, em Salvaterra de Magos. Estudou no Colégio São João de Brito Liceu Gil Vicente em Lisboa e, mais tarde, continuou os estudos na Paiã, altura em que conheceu e se apaixonou por Maria Teresa, a “Tareca”, como sempre foi conhecida, a sua actual mulher.

Logo que acabou os estudos voltou a Salvaterra para trabalhar com o seu pai José Vicente da Costa Ramalho, na sua casa agrícola.
No ano de 1954 entrou para o Grupo de Forcados Amadores de Santarém, altura em que este era comandado por Ricardo Rhodes Sérgio.

“A primeira motivação para pegar toiros era o público feminino. Se as raparigas não assistissem às corridas não era a mesma coisa. Fazer o bonito para as raparigas é típico dos rapazes imaturos,  faz-se com 18 anos. Depois crescemos, mudamos e a motivação também muda: passa a ser o desafio pessoal e, claro, o gostar de toiros.” (João Ramalho in “Grupo de Forcados Amadores de Santarém – Os Primeiros 100 Anos”, de Maria João Lopo de Carvalho).

Pegava de caras e foi forcado activo do Grupo de Santarém durante sete anos. Viveu intensamente esta época e recorda vários episódios:

“Estávamos na Praia da Figueira da Foz em tronco nu, bem acompanhados por umas amigas francesas que conhecemos na véspera. A corrida era só à tarde, de modo que o sol e o mar eram excelente companhia. Não fosse ter chegado a autoridade, o cabo do mar! Rapazes de tronco nu num local público era absolutamente proibido, um atentado ao pudor e aos bons costumes. Destino: cadeia, o Grupo todo. Safou-nos a intervenção do Presidente da Câmara, que mandou soltar a rapaziada detrás das grades, de outra forma não tinha havido pegas nessa corrida. E a quem brindámos a primeira pega da tarde? Por ironia do destino ao inchado cabo do mar, que não sabia o que fazer a tamanho orgulho” (op. cit., de Maria João Lopo de Carvalho).

Quando fala da sua passagem pelo Grupo de Santarém não passa despercebida a enorme consideração que sente por aqueles que frequentemente o ajudavam, como o seu irmão António Ramalho, Caetano Cunha Reis, João Belo, João Patinhas, João Franco, entre outros.

“Na Adega do Mesquita em Lisboa éramos considerados heróis. Os forcados eram sempre mais heróis do que os cavaleiros. Cruzávamo-nos lá com a Amália Rodrigues, uma acérrima partidária do Grupo de Santarém.”

“Lembro-me como se fosse hoje: Caldas da Rainha, 15 de Agosto de 1960: a primeira vez em que as amigas e namoradas foram connosco à corrida e ao jantar” (op. cit., de Maria João Lopo de Carvalho).

Foi em 1961, exactamente passado um ano, que João Ramalho se despediu como forcado activo do Grupo de Santarém, mantendo sempre uma relação próxima de amizade com todos. Voltou a pegar em algumas datas festivas, como as corridas em Homenagem aos 70 e 75 Anos do Grupo, a 9 de Junho de 1985 e 10 de Junho de 1990.

Apenas 15 dias após a sua despedida, casou com Maria Teresa, a “Tareca”, e foram viver para a Quinta das Gatinheiras, em Salvaterra de Magos, onde vivem hoje em dia.

Dos três filhos de “Tareca”, que João Ramalho gosta de dizer que adotou no seu coração como seus filhos - a “Any” (a conhecida escritora Ana Maria Magalhães), o António José (o grande actor “TóZé Martinho”, que integrou o Grupo no final dos anos 60) e o Manuel Maria - e das duas filhas que o casal teve - a “Amêndoa” (a igualmente conhecida escritora Teresa Ameal) e a nossa querida “Gatucha”, que sempre acompanhou o Grupo - já contam dez netos e oito bisnetos.

As mudanças na sua vida continuaram e começou a sua ganadaria no ano de 1962, tendo debutado em Salvaterra de Magos a 9 de Maio de 1965. Ao longo destes anos lidou toiros em diversas praças de Portugal e também em Espanha, onde debutou em 1993. Entre vários êxitos recorda o triunfo da ganadaria em Casa Vieja, onde ganhou o prémio da corrida mais completa e encastada de toda a Feira.

Em casa de Manuel dos Santos picou toiros com Manuel Badajoz, José Tinoco e Manuel Barreto; era, aliás, outra grande paixão sua. Picou em vários festivais taurinos, em casa de várias ganadarias e até há pouco tempo era João Ramalho quem picava nas tentas em sua própria casa (hoje fá-lo o seu neto João Maria).

Figura singular ribatejana é justa a homenagem que lhe será prestada no próximo domingo, dia 14 de Maio pelas 17:00 horas, em Salvaterra de Magos.

Porque é em vida que devemos manifestar a nossa Amizade por todos aqueles que nos são queridos, é com enorme satisfação que o Grupo de Forcados Amadores de Santarém participa na corrida em homenagem a um Amigo tão próximo como o João Ramalho.

Não deixe de estar presente e reserve já o seu bilhete: Mário Figueiredo - 918 915 926.

Não falte!

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