Lisboa - Campo Pequeno 14 de Julho de 2023 Na passada sexta-feira, comemorou-se na capital uma data absolutamente inédita na história da tauromaquia portuguesa, a noite da família Telles. Sendo uma família tão querida e reconhecida do nosso meio taurino, faz todo o sentido que uma data destas tivesse a projeção e a correspondência do público. A ocasião marcava a alternativa do António Ribeiro Telles Filho, no mesmo ano em que seu pai, António Ribeiro Telles completa 40 anos de alternativa e ainda o seu pai, Mestre David Ribeiro Telles comemoraria 80 anos de toureio. A empresa Ovação e Palmas, atualmente gerente dos afazeres taurinos na Praça de Toiros do Campo Pequeno, “montou” este espetáculo, incluindo no leque de artistas, além dos Antónios mencionados anteriormente, os primos João, Manuel e António Bastos, Tristão, os toiros da ganadaria do mestre David e os Grupos de Forcados de Santarém e Vila Franca de Xira. A praça essa estava completamente esgotada e que bom que é ver o Campo Pequeno cheio. Antes de passar à crónica propriamente dita, queria só agradecer à minha prima Catarina, que é uma grande mulher e mãe, por ter a coragem de viver estes momentos de apoteose e também de aflição e ainda me convidar para poder participar, ainda que de forma muito singela neste dia tão esperado. No que respeita à corrida, o nosso primeiro toiro que pesava 602 kg, foi toureado pelo cavaleiro António Ribeiro Telles filho, na sua alternativa. Para a pega o Cabo Francisco decidiu tomar a iniciativa e abrir praça, brindando à família Telles. Na primeira tentativa achei que o Francisco foi ligeiramente a “correr” para o toiro, sendo eu fã das suas qualidades de forcado acho que os nervos não o deixaram ser o toureiro que é, e acabou por acelerar o decorrer da pega. Mandou vir o toiro e após uma reunião com um derrote alto, saiu duramente da cara deste. Os toiros no geral ficaram acomodados nas tábuas e o Francisco na sua segunda tentativa teve de ir buscá-lo às “silvas”. É sempre uma aflição quando vemos um amigo a ir aos terrenos do toiro, mas ali não houve qualquer hesitação e o Francisco sacou-se muito bem, como só os atletas e os forcados experientes conseguem fazer e consumou a pega com o grupo a fechar bem nas ajudas. No fim deu a volta com o António. O nosso segundo toiro acusou na báscula 524 kg e foi toureado pelo Manuel Ribeiro Telles Bastos. O forcado chamado a pegar foi o Joaquim Grave que brindou ao Vice-Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. Filipe Anacoreta Correia. Achei que o Joaquim foi toureiro para o toiro, com um cite bonito, no entanto assim que o toiro o viu, calou-se. Após carregar o toiro, quando começou a recuar, calou-se novamente. Foi pena porque o toiro não esteve com ele e não permitiu que reunisse bem, ficando pendurado e acabando por cair. Na segunda tentativa voltou a falar pouco mas esteve muito bem no cite e fez uma boa reunião, com o grupo a fechar novamente muito bem, não dando hipóteses ao toiro. Depois da pega o Joaquim deu volta com o cavaleiro. O nosso último toiro da corrida, que pesava 518 kg, foi toureado pelo Cavaleiro Tristão Ribeiro Telles, era um toiro bonito, mas com a cara muito fechada. Para a pega o cabo Francisco optou pela cernelha e foram chamados, o João Manoel (Atalaia) e o Miguel Tavares, que brindaram a pega ao nosso antigo Cabo, Pedro Graciosa que é sempre um ótimo conselheiro para ter junto do nosso Grupo. Não sendo esta a minha especialidade (de todo), é uma pega que gosto de ver e não me choca minimamente que o cernelheiro esteja pouco rodado neste tipo de pega, tenha sido o escolhido. Choca-me sim que uma pega tão emblemática do nosso grupo seja utilizada como um mero recurso. Acho que o Francisco tomou a melhor decisão e espero que volte a tomar para que um dia tenhamos uma dupla de cernelheiros como já tivemos anteriormente e que muita inveja fazia. Voltando à pega, achei que o João estava obviamente nervoso e hesitante para não pôr os pés pelas mãos, não aproveitando algumas (poucas) oportunidades que teve. Consumou à terceira tentativa e ainda andou a brigar com toiro no chão, e principalmente nunca virou a cara e o Miguel igualmente. Tive pena pois como gosto muito deles acho que mereciam muito melhor, mas lá está, se acontecer o que falei antes irão ter muitas oportunidades. No outro lado das pegas esteve a rapaziada do GFA de Vila Franca de Xira que também estiveram muito bem e mostraram segurança e coesão nas pegas, que foram feitas pelo Cabo Vasco Pereira, por quem nutro uma grande admiração, Rafael Plácido e Guilherme Dotti. Ao Cabo Vasco e ao Grupo de Vila Franca desejo muita sorte para esta época. Por fim uma palavra de agradecimento ao nosso Cabo pelo convite para estar novamente junto do Grupo na trincheira e também Gaitan e ao Damião Goes por nós terem recebido tão bem em sua casa. Pelo Grupo de Santarém Venha Vinho, Venha Vinho, Venha Vinho!! António Imaginário (Jorginho) |