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2024, Está dado o mote...

No passado dia 16 de Março, o Grupo de Santarém iniciou a temporada 2024 na Monumental Celestino Graça, na já tradicional corrida integrada nas festas de São José. A jogar em casa, e diante do nosso público tem outro sabor e acarreta sempre uma maior responsabilidade.

Começo por agradecer ao Francisco Graciosa o convite que me fez para estar com o Grupo na trincheira, que muito me sensibilizou. É sempre especial estar junto do Grupo de Santarém ainda para mais na praça da nossa terra e fez-me viajar no tempo, recordar e reviver emoções bonitas que ali passei.

Envio daqui um abraço aos nossos amigos da Associação Sector 9 que mais uma vez provaram que a Monumental Celestino Graça está viva e cheia de força, pelo ambiente que se viveu não só durante o espectáculo mas também no pré e pós. Dá gosto ver a Celestino Graça com aquela moldura humana, tendo marcado presença na corrida mais de 10 mil aficionados. Seguramente o público que esteve presente saiu de Santarém entusiasmado e com expectativas elevadas para as duas corridas que aí vêm pela ocasião da nossa velhinha Feira Nacional da Agricultura.

O cartel era composto pelos cavaleiros António Ribeiro Telles, Manuel Telles Bastos, João Ribeiro Telles, António Telles (filho), e Tristão Ribeiro Telles Queiroz, que tomou a alternativa, toiros da ganadaria de Herdeiros de David Ribeiro Telles para serem pegados pelos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e Amadores do Aposento da Moita. Sentimos de maneira especial as corridas que assinalam alternativas e datas comemorativas da família Ribeiro Telles pela grande amizade que sempre a uniu ao Nosso Grupo. Esta ligação acompanha-nos desde o primeiro dia em que o Grupo de Santarém entrou em praça na tarde de oito de Agosto de mil novecentos e quinze na praça de toiros de Almeirim em que se lidaram toiros Ribeiro Telles, e toureou nessa corrida o Sr. David Godinho, avô do Mestre David Ribeiro Telles.

Os toiros da Ganadaria de Herdeiros de David Ribeiro Telles apesar de bem apresentados transmitiram pouco e não emprestaram especial colaboração a uma tarde de toiros memorável, denotando por vezes alguma escassez de força. Ainda assim, creio que cumpriram e destacaria talvez o quinto, que achei mais voluntarioso que os demais irmãos de camada.

O toiro da alternativa de Tristão Ribeiro Telles Queiroz, cuja pega lhe foi brindada, pesou 590 kg e o cabo Francisco Graciosa entregou a responsabilidade de o pegar e assim abrir a temporada ao Joaquim Grave, forcado que nos deixou na retina a grande pega que fez o ano passado em São Manços. Na primeira tentativa, o toiro saiu solto e pouco franco o que dificultou a reunião, tendo o Joaquim ainda “brigado” para ficar na cara do toiro, que o despejou já perto das tábuas. Na segunda tentativa, mais mandão e com uma reunião de atleta o Joaquim fez uma boa pega com o Grupo a ajudar bem e a fechar como uma pinha.

Para o terceiro toiro da corrida que tinha também o peso de 590 kg e que foi lidado pelo Manuel Telles Bastos, o Kiko escolheu o Francisco Paulos (aka Chupa-Cabras), que brindou a pega ao antigo cabo João Grave. Afastando os fantasmas que tinha da sua última pega em Santarém em que com muita alma teve que ir seis vezes à cara de um toiro, o Francisco esteve calmo à frente do toiro, que tinha notoriamente problemas de visão. Falando-lhe bem, tendo consentido e feito uma boa reunião, fez uma pega limpa à primeira tentativa com o Grupo novamente a ajudar lindamente.

O quinto toiro foi toureado pelo António Telles (filho), tinha o peso de 520 kg e o cabo Kiko entregou a tarefa de o pegar ao Francisco Cabaço, que brindou ao público, Apesar de ser um forcado jovem, o Cabaço é já um forcado de primeira linha e transmite uma enorme segurança a quem o vê pegar. Com o toiro fechado em tábuas, e também este com problemas de visão (pareceu-me que nunca viu o forcado!) optou o Francisco por desmanchar a pega. A partir do momento em que o forcado está em praça com o barrete cabe-lhe “dirigir as operações”, e creio que demonstrou muita personalidade e acima de tudo lucidez, evitando quiçá tentativas desnecessárias. Já com o toiro fora de tábuas, o Francisco com uma reunião de estalo fechou com chave de ouro a actuação do Grupo de Santarém.

Dá gosto ver o Grupo em praça, concentrado, coeso e dando vantagens aos toiros. Alegra-me sentir a amizade e o grande ambiente que se vive no Grupo. Não tenho dúvidas que os laços que se estabelecem e fortalecem fora de praça têm relação directa com a forma como o Grupo pega e ajuda. Isso deixa-me particularmente feliz!

Sei que começa a ser repetitivo mas não posso deixar de endereçar uma palavra de admiração ao Zé Fialho. Vai na vigésima temporada como forcado activo do Grupo mas com o entusiasmo, disponibilidade e entrega absolutamente intactos e transmite uma confiança enorme a todos à sua volta. Olé mê Zéi!

Pelo Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita pegaram à primeira tentativa João Freitas e Luís do Canto Moniz, e à segunda tentativa o cabo Leonardo Mathias.

Seguiu-se um jantar animado no “Oh Vargas” quartel general gastronómico do Grupo, com muitos discursos e muita malta nova a bombardear o cabo Kiko com os tradicionais PQC. Nota também para a vertente musical que ainda materializa uma enorme influência da escola do Maestro Pedro Seabra. Aproveito para enviar um abraço ao Emerson Kachiungo que anunciou no jantar que encerra a sua carreira como forcado activo, desejando-lhe as maiores felicidades para o compromisso profissional que o leva para outras latitudes. Estamos a torcer por ti Kachi!

Está dado o mote para uma temporada cheia de êxitos e grandes pegas do Nosso Querido Grupo de Santarém. Um grande abraço a todos!

Pelo Grupo de Santarém,

Venha vinho!

Venha vinho!

Venha Vinho!

João Goes

 
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