Desde a sua reedição em 2004 que esta corrida da Barra de Ouro é por nós encarada com alguma expectativa, pois veio reavivar a rivalidade que sempre houve entre os GFAs de Santarém e de Montemor, rivalidade esta que é encarada e vivida de diversas maneiras: há os facciosos de ambos os Grupos, que consideram que o seu Grupo é que triunfou seja qual for a sua prestação na corrida; há os que acham que os elementos do júri são tendenciosos e que prejudicam o seu Grupo injustamente; e há os que, como eu, pensam com a mente livre de qualquer facciosismo e acham que o GFA de Santarém é como o Sporting: nunca perde, por vezes não ganha. Foi o que aconteceu em 2004 e em 2005 (apenas falo nas edições mais recentes), a primeira por manifesta falta de sorte e, na segunda, fomos amigos e entregámos de bandeja o ouro ao inimigo, mas em ambas fiquei com a nítida sensação, que se as nossas pegas todas têm sido à 1ª tentativa, seria uma grande injustiça não nos atribuírem a barra de ouro. Mas este ano a música foi outra e fez-se justiça: O ouro é nosso! A empresa “Montemor É Praça Cheia”, nas pessoas dos Srs. Simão Comenda e Paulo Vacas de Carvalho, desde o primeiro momento em que decidiu reeditar esta corrida, tratou-nos sempre com enorme respeito e consideração. Este ano não fugiu à regra: desde o primeiro contacto para confirmar a corrida, sua apresentação, visita à ganadaria para ver os toiros, escolha do júri, sorteio, corrida, até à entrega da Barra de Ouro no fim da corrida, tudo foi feito com uma enorme elevação, própria de grandes Senhores, apesar de não terem pertencido ao GFA de Santarém… Após o sorteio, a que assisti com o Miguel Navalhinhas, fui almoçar a casa do Paulo Vacas de Carvalho, na companhia do Diogo Palha (pois não seria prudente ir sozinho para casa do inimigo). Fomos gentilmente convidados pelo Guiga, que fez 31 anos nesse dia. A fardamenta foi em casa do nosso amigo Francisco Alves - Faruk - forcado do GFA de Évora, Grupo a quem agradeço por mais uma vez nos ter emprestado os seus forcados (de pau). Apesar de tudo fazer para criar um ambiente descontraído senti alguma ansiedade, que se dissipou com o aproximar da hora de começar a fardar. A partir daí fiquei surpreendido com a calma, descontracção e confiança que se instalaram no seio do Grupo: foi agradável ver os elementos mais novos ansiosos para ajudarem os mais velhos a fardarem-se, assim como foi muito bom para o Grupo as presenças na trincheira, junto a nós, dos notáveis Nuno Megre, Miguel Sepúlveda e Manuel Murteira. Este ano o júri da Barra de Ouro foi constituído pelos antigos forcados Manuel Gama (Santarém), João Guimarães (Montemor) e Jorge Faria (Vila Franca), pessoas cujas aficción, seriedade e honorabilidade estão acima de qualquer suspeita. Para o 1º toiro (500kg) foi escolhido o Diogo Sepúlveda, forcado experiente e sério, que a meu ver esteve lindamente à frente do toiro e fez uma grande pega à 1ª. Brindou ao público, chamou a atenção do toiro e não lhe perdeu mais a cara, apesar do cavaleiro Rui Fernandes estar debruçado na trincheira com uma toalha branca do lado de dentro (acreditamos que sem qualquer intenção mas podia ter comprometido o êxito da pega). O Diogo foi andando para o toiro e no momento exacto carregou e provocou a sua investida, recebeu bem o toiro e agarrou-se para ficar. Foi muito bem ajudado por todo o Grupo, destaque para a grande intervenção do 1ª ajuda Miguel Navalhinhas, que ficou cá atrás dando todas as vantagens ao toiro. Para o 2º toiro (500kg) foi o António Grave Jesus, forcado muito valente, que também fez uma boa pega à 1ª. Brindou ao Pedro Schiappa. O toiro arrancou pronto, o António recebeu muito bem e agarrou-se com alma, recebeu grande 1ª ajuda de Pedro Seabra e de todo o Grupo. O cavaleiro não esteve bem e não quis dar volta e aqui o nosso António esteve enorme, pois depois de cumprimentar o Rui Fernandes, foi aos médios, agradeceu e veio-se embora, num gesto nobre e de enorme respeito pelo cavaleiro, uma atitude que não está ao alcance de qualquer um, pois a tendência natural num jovem forcado que acabou de fazer uma pega muito boa, seria ter dado a volta sozinho. A reacção do público também teria sido diferente se o forcado não fosse do Grupo de Santarém - parabéns António estiveste enorme. Para o 3º e último toiro (495kg) foi o Diogo Palha, a encerrar a nossa actuação com chave e barra de ouro noutra boa pega também à 1ª. Brindou com distinção ao Guiga, de quem é muito amigo. O Diogo é um forcado muito experiente, ao aperceber-se que o toiro não se arrancaria pronto, provocou-o e chamou-lhe a atenção num cite com muita toreria fixando o toiro. A partir deste momento o Diogo aplicou os 3 tempos do toureio, mandou, parou e templou, aproveitando muito bem o toiro. Mais uma vez o Grupo ajudou muito bem com boa 1ª ajuda do Pedro Cabral. Os 3 toiros foram muito bem rabejados pelo David Romão. Pelo Grupo de Montemor pegaram Francisco Mira (à 2ª), Pedro Freixo (à 1ª) e João Mantas (à 2ª). No final foi a consagração de uma boa actuação do Grupo com a entrega da Barra de Ouro, que a meu ver peca por não ter o peso do Cabo em ouro… Duas particularidades desta corrida: 1ª - foi uma corrida de consagração do GFA de Santarém, pois o ganadero é um distinto antigo elemento do nosso Grupo, assim como o apoderado e o maior apoiante do cavaleiro Vitor Ribeiro que foi o triunfador: Carlos Empis e Dr. Carlos Ferreira. 2ª - vi o Francisco Zenkl, com os seus amigos e elementos do seu 1º Grupo (Ap. da Chamusca), na bancada a assistir ao despique entre o seu 2º Grupo (Santarém) e o seu 3º e actual Grupo (Montemor). Ninguém pára o Zenkl… O jantar foi no restaurante “O Bacalhau” e decorreu num ambiente de enorme alegria, para além da nossa querida Madrinha estiveram presentes vários antigos elementos do nosso Grupo, elementos de outros Grupos e muitas namoradas e amigas, houve muitos discursos, alguns muito emocionados, houve as já tradicionais canções ao Pedro Cabral, houve muitos brindes, bebeu-se muito vinho e muita cerveja mas ninguém teve pedalada para acompanhar o Cabo… Estamos preparados para mais uma época, venham toiros… Nota: Um prémio, é sempre um prémio, ninguém gosta de perder, mas vale o que vale, para haver um vencedor tem que haver sempre um vencido. A melhor maneira de se saborear e desfrutar a conquista de uma vitória é respeitando o vencido, um enorme abraço ao GFA de Montemor, não desanimem!!! Será que para o ano haverá barra de ouro? Ou estão com medo? Pelo GFA de Santarém Venha Vinho! Um enorme abraço para todos! Pedro Graciosa Aqui ficam algumas fotografias do nosso triunfo, tiradas por Francisco Romeiras. A saída de um dos toiros de Pégoras Diogo Sepúlveda a citar o primeiro da tarde Diogo Sepúlveda já fechado e o Grupo a preparar-se para ajudar António Grave de Jesus bem embarbelado no nosso segundo Diogo Palha fechado à córnea e excelentemente ajudado pelo Pedro Cabral O Ouro é nosso! O nosso Cabo a receber a Barra d'Ouro, entregue por Simão Comenda e Paulo Vacas de Carvalho, antigas glórias do Grupo de Montemor e agora empresários na sua terra. |